Horta caseira: como começar?

Para inaugurar o espaço criado para tratar de assuntos diversos relacionados à culinária, queremos falar sobre algo que interessa a muita gente: hortas caseiras! 🙂

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Pedacinho de nossa horta aqui em casa 🙂 Foto: Cozinha para Mortais

Em tempos de muita correria ou de plena calmaria, quer vivendo em locais abarrotados de coisas e pessoas ou em locais com espaço sobrando, muitas pessoas têm vontade de cultivar seus próprios temperos, hortaliças, legumes, etc.  As razões pra esse interesse são diversas:

  1. Tem gente que gosta da ideia porque poderá ter a certeza de que os alimentos que produz e consome não terão agrotóxicos, sendo mais benéficos pra saúde;
  2. Tem gente que gosta da ideia de ter plantinhas em casa para deixar o ambiente mais agradável e bonito (decoração);
  3. Tem gente que tem a jardinagem como um hobby e quer muito ter seu cantinho de cultivo para relaxar e espairecer ao dedicar tempo ao cuidado das plantas.
  4. Tem gente que se anima por ser uma forma de contribuir com o meio ambiente, uma vez que ter plantas em casa contribui em mínima escala para reduzir a quantidade de carbono no ar e, portanto, se pudesse encheria a casa com elas.
  5. Tem gente que se inspira com a possibilidade de economizar , deixando de comprar esses alimentos no dia a dia, porque ainda que sejam itens relativamente baratos da cesta de consumo, exigem alocação de parte da renda mensal.

Qualquer que seja sua razão, queremos te incentivar a dar corda pra essa vontade! Então, vamos pensar juntos primeiro em algumas possibilidades de organização do espaço da horta.

Para quem tem muito espaço disponível onde bate sol pelo menos por algumas horas durante o dia, é possível colocar vasos grandes e cultivar bastante coisa. Apesar de não ter um pedaço de chão de terra para cultivar diretamente, é possível aproveitar parte do chão livre de sua casa pra isso! 🙂

Já pra quem não tem muito espaço, as hortas verticais são uma alternativa interessante. A ideia delas é colocar os vasos em estruturas leves que os suportem nas paredes – podem ser treliças ou painéis de madeira em que se possam encaixar os vasos, ou mesmo ganchos que segurem garrafas PET, por exemplo. Caso tenha um pouquinho de espaço no chão e não queira furar a parede, outra alternativa  é usar mini-estantes  ou mesmo uma estrutura de caixotes sobrepostos sobre os quais possa colocar pequenos vasos para temperos.

Dá pra fazer coisas muito bacanas sem gastar muito! É importante apenas que você monte sua horta em um local onde bata pelo menos um pouco de sol durante o dia e o ar ventile razoavelmente bem (não precisa ser durante o dia todo, mas pelo menos por algumas horas diárias).

Pra fazer sua horta, existem inúmeras possibilidades de design – a escolha poderá ser feita em função do espaço disponível, sua disposição em gastar e seu gosto de decoração. Dá pra fazer horta em garrafa PET, caixotes e caixas, cano de PVC ou alumínio, pallets, vasos, treliças e painéis, latas, canecas ou xícaras, potes de vidro, etc. Pra inspirar, criamos um painel com  exemplos de algumas das diferentes alternativas de hortas verticais que você pode estruturar em sua casa (acessar aqui ou no link abaixo):

Agora que já temos ideias pra organizar a horta, vamos falar de outras coisas envolvidas no processo de preparo.

Existem diversos locais que vendem mudas ou plantas já crescidas de muitos tipos, cheiros e cores. Em São Paulo especificamente, um dos lugares mais conhecidos é a CEAGESP (na Vila Leopoldina, zona oeste), que reúne diversos produtores de flores, mudas, hortaliças, etc. em alguns eventos semanais como a “Feira das Flores” e o “Varejão”. A seguir colocamos mais detalhes sobre esses eventos:

Feira das Flores CEAGESP
Às 3ª feiras e 6ª feiras, das 0h às 8h30
Pavilhão Mercado Livre do Produtor
Av. Dr. Gastão Vidigal, 1.946, portão 3, Vila Leopoldina
Entrada alternativa pela Av. das Nações Unidas, portão 13
www.feiradeflores.com.br

Varejão CEAGESP
4ª feira, das 14h às 22h
Pavilhão PBC (Praça da Batata) – entrada pelo Portão 7
Av. Dr. Gastão Vidigal, 1946, entrada pelos portões 4 e 6
Sábado, das 7h às 12h30 e Domingo, das 7h às 13h30
Pavilhão Mercado Livre do Produtor (MLP) – entrada pelo Portão 3
Av. Dr. Gastão Vidigal, 1.946, portão 3, Vila Leopoldina
Entrada alternativa pela Av. das Nações Unidas, portão 13
http://www.ceagesp.gov.br/entrepostos/varejoes/

A vantagem de ir até esses eventos no CEAGESP é poder comparar no próprio local os preços de diversos produtores e possivelmente conseguir assim melhores condições na compra. Para uma referência de preços do Varejão, encontramos mudas de plantas por alguns centavos de reais e plantas em vasos já crescidas por até R$ 15.  Também compramos terra orgânica por lá – se não me engano, pagamos R$ 10 por alguns quilos. Quanto às formas de pagamento, alguns vendedores aceitam cartão de crédito e débito, mas é bom levar algum valor em dinheiro para eventuais exceções. Para maiores detalhes sobre alguns dos vendedores na CEAGESP, clique aqui.

Outro local que visitamos com frequência é uma loja também na Vila Leopoldina chamada Uemura Flores e Plantas. Lá sempre encontramos diversos vasos com temperos, suculentas, muitas flores e até árvores frutíferas. Além disso, a loja também vende terra, cascalho, vasos, ferramentas de jardinagem/irrigação e pesticidas.

Uemura Flores e Plantas
2ª feira a Sábado,  das 7h às 17h30
Domingo, das 9h às 14h
Loja 1: Rua Baumann n° 963 – Vila Leopoldina – São Paulo
Loja 2: Rua Potsdan n° 66 – Vl Leopoldina – São Paulo
http://www.uemurafloreseplantas.com.br/

 

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Setor de jardinagem de um dos grandes supermercados. Foto: Cozinha para Mortais

Outras alternativas de médio custo são lojas especializadas em casa e construção (exemplos: Leroy Merlin, C&C, Center Castilho, etc.), que possuem departamentos de jardinagem. Em geral, a variedade de plantas neles encontrada é pequena, mas há muitas opções de ferramentas de jardinagem e vasos. Em algumas das grandes redes de supermercado também é comum encontrar algumas alternativas de plantas e ferramentas, mas com poucas opções para escolher. Por fim, há também diversas lojinhas de bairro especializadas no assunto, que podem apresentar bastante diversidade para o comprador. Seja onde for, é importante que ao escolher suas plantas você pergunte aos vendedores quais os cuidados que cada uma delas requer, porque coisas como frequência de irrigação, tempo de exposição ao sol, quantidade de água necessária e tipos de adubo a utilizar, dentre outras coisas,  podem variar muito de planta para planta.

Outro ponto importante é que terra usar. Quando estávamos montando nossa horta, nos orientaram a usar substrato orgânico (adubado) em vez de terra vegetal*.

* A terra vegetal é o material resultante da decomposição de galhos, folhas e frutos, e é muito útil em florestas para melhorar a aeração e a drenagem do solo, o que faz com que ela seja uma terra com menos nutrientes. Já a terra/substrato orgânica(o) é mais rica em nutrientes, contendo adubo entre outros coisas. É importante mencionar também que existe o substrato convencional, que contém ureia e adubo químico – ou seja, se você está em busca de crias orgânicas, esta pode não ser a melhor alternativa de terra para o seu cultivo.

Encontramos aqui um post muito interessante com um teste de plantio de alface nos dois tipos de solo. É impressionante a diferença nos resultados obtidos! A muda de alface plantada no vaso que continha apenas substrato se desenvolveu expressivamente menos do que a que foi colocada em vaso com substrato adubado.

Uma vez colocada a terra nos vasos, é importante revolvê-la para deixa-la bem aerada para que as plantas absorvam melhor os nutrientes.  Dependendo do modo de crescimento de cada uma de suas plantas, o plantio exigirá maior ou menor profundidade e espaços laterais entre as mudas. Mais uma vez, é importante pedir este tipo de informação para os vendedores das mudas ou dos vasos com plantas já crescidas, caso se pretenda fazer o replantio em vasos maiores. O ideal também é que não haja um espaço maior do que o necessário entre as plantas para não permitir o surgimento de ervas daninhas que possam roubar seus nutrientes a água.

Para exemplificar a importância desta informação, compartilho sobre nossa primeira experiência de replantio – compramos mudas de alface e achamos que podíamos colocar de qualquer jeito três mudas em um mesmo vaso. As mudas cresceram, mas não pareciam alfaces rs… Como não tinham espaço suficiente para crescerem para os lados, acabaram desenvolvendo folhas estreitas e compridas e não vingaram. Depois de um tempo, descobrimos que mudas de alface requerem pelo menos uns 20 cm de espaçamento entre uma e outra para se desenvolverem de forma adequada.

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Neste vaso plantamos duas mudas de alface à esquerda e duas mudas de rúcula à direita. Por falta de espaço, a muda de alface do meio cresceu deformada com folhas longas e estreitas. Foto: Cozinha para Mortais

A forma de regar as plantas também varia bastante. Algumas plantas requerem irrigação diária no início do dia e não podem ser regadas à noite de jeito nenhum (como as mudas de alface, rúcula e beterraba, por exemplo), outras são indiferentes e precisam de água dia sim dia não ou até uma vez por semana, como no caso das suculentas. É muito importante entender como cada uma delas funciona para não correr o risco de irrigar demais e fazer com que as raízes apodreçam e nem regar de menos e fazer com que a planta seque e/ou não se desenvolva. De forma geral, evita-se regar à noite, pois é um período em que as plantas absorvem pouca água e o excesso de umidade pode estimular o aparecimento de fungos.

Uma vez plantadas e em desenvolvimento, caso você perceba qualquer outro tipo de plantinha aparecendo em volta delas, é importante tirar a erva daninha, pois ela pode atrapalhar o desenvolvimento das demais plantas! Neste caso, é bom arrancar pela raiz mesmo, porque se só cortar o caule ela tornará a crescer e continuará roubando os nutrientes.

Outra coisa que é super importante e que gera uma tristeza enorme quando acontece é o surgimento de pragas na horta. Em ambientes abertos como jardins ou hortas em casas, costumam surgir predadores naturais para essas pragas, como as joaninhas por exemplo, mas em apartamentos isso é improvável. Por aqui já perdemos algumas plantas que foram atacadas por pulgões, pois não sabiamos como lidar com eles. Essas pragas se alimentam da seiva das plantas e, por isso, acabam matando elas aos poucos.

Caso esteja pensando em como combater essas pragas sem usar produtos químicos, saiba que existem formas de combater as pragas de forma orgânica, viu!? Algumas delas são:

  • Usar fórmulas caseiras feitas em casa, com bicarbonato e água e/ou sabão de marfim (mais detalhes, clique aqui );
  • Óleo de neem/nim (extratos vegetais e emulsionantes) – em caso de hortaliças em geral, atua contra pulgões, tripés, mosca-branca, mosca-minadora e lagartas. A frequência de pulverização da solução do óleo diluído em água neste caso é a cada 07 dias em geral.
  • Biopesticidas caseiros – algumas plantas funcionam como pesticidas, na medida em que afastam insetos por meio de seus odores. Alguns exemplos são: manjericão, tomilho, alho, alecrim, etc.

É importante considerar já no início da horta usar algum desses métodos para prevenir o aparecimento de pragas indesejadas. Então, vale a pena investigar as alternativas disponíveis para os seus tipos de plantas e escolher a que melhor se aplique.

Por fim, é claro que cada planta tem um ritmo de crescimento e colheita, então é bom estudar caso a caso. Encontramos aqui uma tabela interessante com o cronograma de algumas hortaliças, mostrando a evolução semanal que ocorre entre semeadura e colheita – acho que vale muito dar uma olhada! 🙂 Caso não queira plantar coisas que demorem muitos meses para colher, existem alguns vegetais que podem ser colhidos antes de 02 meses: alface, nabo, rabanete, ervilha, cebolinha, vagem, mini cenoura e espinafre. Ah, uma dica importante sobre a colheita é fazê-la nas horas menos quentes do dia, para evitar que a planta perca grandes quantidades de água no processo.

Pra essa primeira conversa sobre o assunto, esperamos que essas informações inspirem e ajudem você a começar sua horta em casa 🙂 nossa intenção aqui foi dar uma visão geral das coisas envolvidas no processo de cultivar em casa. Se achar essas informações úteis e/ou sentir falta de alguma coisa, conte aqui pra gente! Críticas e sugestões serão sempre bem-vindas.

Abraços!

Cozinha para Mortais

Créditos: Texto – Cozinha para Mortais / Referências – Viver em Casa , Follow the Colours , Viveiro Sabor de Fazenda , Ecycle  e Assim que Faz

 

6 comentários Adicione o seu

  1. Tiago disse:

    Excelente texto,obrigado pelas dicas!!

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    1. Oi Tiago 🙂 muito obrigada pela visita e pelo retorno sobre o texto! Abs!

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  2. Paulo Sergio disse:

    A jardinagem tem muita similaridade com o cozinhar: aprendizado, prática, capricho, dedicação, e muita, muita calma… Simplicidade não é necessariamente facilidade. E parece mesmo cultivar estas hortaliças é fácil.. Não. Não é não. É simples. Me lembro dos meus temperos que perdi, por falta de cuidados. Boas dicas como estas teriam me ajudado a colher meus manjericões, salsinhas e cebolinhas.. Mas nem tudo está perdido. Agora, os mortais têm onde buscar socorro! Parabéns pelo artigo.

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    1. Obrigada pelo carinho de sempre 🙂 aos poucos, vamos aprendendo juntos! Sempre!!!

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  3. Ângela disse:

    Adorei as dicas sou fanática por plantas, principalmente hortas , achei no seu texto as informações q precisava parabéns e muito obrigada.

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    1. Olá Ângela 🙂 que bom saber que o texto foi útil pra você! Ainda somos bem iniciantes nessa arte de cuidar de plantas, mas tentamos colocar aqui o que temos apreendido. Fico muito feliz que tenha servido pra você 🙂 seja sempre muito bem vinda à nossa Cozinha viu! Abraços!

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